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Foto: Ouest-France |
A Veltins Arena recebeu bom público na noite de 26 de maio de 2004. Lado a lado estavam duas das maiores surpresas da história da Liga dos Campeões. Porto e Monaco haviam derrubado Manchester United, Lyon, Deportivo La Coruña, Lokomotiv Moscou, Real Madrid e Chelsea, respectivamente no mata mata. Foi uma edição de muitas zebras e agora era a hora de decidir qual dos dois sobreviventes levantaria a taça. Os Dragões de José Mourinho ou os Rouge-et-blanc de Didier Deschamps?
Alinhados, os capitães Jorge Costa e Ludovic Giuly apertavam as mãos e o espetáculo começava. Quis o destino que Giuly deixasse o palco principal por uma lesão na coxa e visse apenas de longe seus companheiros sucumbirem a uma atuação elétrica do Porto, consagrado em território alemão com um 3 a 0 imponente. O choro do camisa 8 monegasco foi algo a representar a desolação no vestiário dos alvirrubros. A sombra de um insucesso que assim como a chegada fulminante, veio da noite pro dia.
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Foto: Lyon mag |
Foram muitos os feitos do nanico meia nascido em Vénissieux. Ludovic foi criado nas categorias de base dos Gones, onde despontou como um bom talento. O porte físico só poderia colaborar para o seu estilo de jogo arisco, veloz e incisivo. Baixinho, Giuly ganhou reputação rapidamente jogando no Stade Gerland, que vivia época de vacas magras (e bote magras nisso).
De 1994 a 1997 defendeu as cores do Lyon, até ser contratado pelo estelar Monaco e jogar ao lado de promessas como David Trezeguet e Thierry Henry. Um timaço que estava nas cabeças do futebol local e queria alçar voos mais altos do que apenas a Ligue 1.
De 1994 a 1997 defendeu as cores do Lyon, até ser contratado pelo estelar Monaco e jogar ao lado de promessas como David Trezeguet e Thierry Henry. Um timaço que estava nas cabeças do futebol local e queria alçar voos mais altos do que apenas a Ligue 1.
No Louis II, viveu alguns de seus melhores dias. Capitão da equipe monegasca e campeão francês em 2000, teve seu auge como líder do elenco na final europeia contra o Porto e logo depois saiu para o Barcelona, em 2004, onde se tornou um elemento fundamental no esquema de Frank Rijkaard. Carregou uma grande frustração ainda no Monaco quando se lesionou durante o primeiro tempo da decisão na LC e precisou ser substituído por Dado Prso. Os portugueses, comandados por José Mourinho, fizeram 3 a 0 e levaram o caneco.
Meia e ponta de bom passe e velocidade, Ludovic ocupava sempre a ala direita e aparecia bem para finalizar quando tinha espaço. Para crescer fora da França, se despediu de sua segunda casa no principado e foi ser Bicampeão espanhol e vencedor na Liga dos Campeões em 2005-06 com o Barcelona, conseguiu apagar a mágoa de 2004 e teve um gol anulado contra o Arsenal, no jogo do título.
Técnico e regular, passou pelo menos seus dois primeiros anos no Camp Nou como um dos melhores atletas do elenco do Barça. Ao lado de Ronaldinho, Xavi e Eto´o, bastou ser coadjuvante para chegar mais longe. Tão longe quanto sonhava quando defendia o Monaco.
Técnico e regular, passou pelo menos seus dois primeiros anos no Camp Nou como um dos melhores atletas do elenco do Barça. Ao lado de Ronaldinho, Xavi e Eto´o, bastou ser coadjuvante para chegar mais longe. Tão longe quanto sonhava quando defendia o Monaco.
Acabou perdendo lugar no time titular para a chegada de uma lenda. O jovem Lionel Messi ia conquistando seu espaço na formação e ofuscou Giuly, negociado com a Roma em 2007. Uma temporada discreta que terminou com o título da Copa da Itália diminuiu um pouco a sensação de ter flopado na equipe giallorossa. Um ano cheio de altos e baixos serviu para que ele pegasse o caminho de volta para a França.
Passando dos 30 anos, aceitou em 2008 a oferta do Paris Saint-Germain, que atravessava alguns de seus piores anos, beirando o rebaixamento. Ajudou os parisienses a vencer o título da Copa da França em 2010, na recuperação e transformação da equipe no fenômeno que é hoje.
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Discussão com Ranieri tirou Giuly do Monaco (Foto: ASM Foot) |
Recontratado pelo Monaco em 2011, atravessou o período em que o clube do principado estava na segunda divisão e fez um bom campeonato, novamente como líder e capitão. Entretanto, desavenças com Claudio Ranieri o tiraram do time titular e ele resolveu entrar em um acordo para sair novamente do Louis II.
Poderia ter sido vital na arrancada do ASM para a elite, mas foi liberado e assinou com o Lorient, onde pouco jogou e se aposentou nesse domingo sob aplausos da torcida dos Merluzas. Seu último gol foi contra o Sedan, em janeiro, pela Copa da França.
Giuly deixa o esporte aos 36 anos e com as devidas honras pelos serviços prestados ao Monaco, com o qual tem uma relação fortíssima. Até o Barcelona nos tempos de Ronaldinho tem muito a agradecer ao baixinho francês que serviu de garçom a Eto´o em sua passagem pelo Camp Nou.
Felipe Portes é estudante de jornalismo, tem 23 anos e é redator na Trivela, além de ser o dono e criador da Total Football. Work-a-holic, come, bebe e respira futebol.
"O futebol na minha vida é questão de fantasia, de imaginário. Fosse uma ciência exata, seria apenas praticado por robôs. Nunca fui bom em cálculos e fórmulas, o lado humano me fascina muito mais do que o favoritismo e as vitórias consideradas certas. Surpresas são mais saborosas do que hegemonias."
No twitter, @portesovic.
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