![]() |
Foto: Crno bela nostalgija |
Dragan Mance tinha tudo para ser um dos maiores craques revelados pelo Partizan, mas aos 22 anos teve sua trajetória interrompida por um acidente de carro, que lhe tirou a vida e gravou seu nome no coração dos torcedores alvinegros
Até os mais bravos não escapam quando chega a hora de partir. Nenhum de nós escolhe quando vai deixar de viver, partindo para outro lugar que ninguém sabe ao certo se é melhor ou pior. A morte é uma estranha forma de mostrar como somos iguais perante o destino, que no fim de tudo acabamos da mesma forma, sejamos ricos ou pobres, bonitos ou feios, heróis ou covardes.
Até os mais bravos não escapam quando chega a hora de partir. Nenhum de nós escolhe quando vai deixar de viver, partindo para outro lugar que ninguém sabe ao certo se é melhor ou pior. A morte é uma estranha forma de mostrar como somos iguais perante o destino, que no fim de tudo acabamos da mesma forma, sejamos ricos ou pobres, bonitos ou feios, heróis ou covardes.
Os maiores clichês da humanidade dirão que os bons morrem jovens, assim como grande parte da torcida do Partizan, que teve um de seus maiores ídolos e um gênio do esporte em potencial, arrancado do mundo em seu auge, aos 23 anos. Dragan Mance não teve tempo para ganhar o planeta ou a Europa, mas tem seu lugar reservado no coração do torcedor alvinegro.
Goleador, efusivo e praticamente um dos Grobari (coveiro, em sérvio, nome da principal torcida do Partizan) dentro de campo. Natural de Belgrado em 26 de setembro de 1962, Dragan muito cedo se tornou um ícone no elenco alvinegro, que dividia as glórias da Iugoslávia com o Estrela Vermelha e o Dinamo Zagreb na década de 1980.
Os rivais de Belgrado conquistaram sete vezes o campeonato iugoslavo naquele intervalo de dez anos, amplamente dominado pelo dérbi ferrenho da Sérvia. E nessa rivalidade Mance brilhava como poucos. Sempre deixando sua marca diante do Estrela Vermelha, o atacante corria loucamente para perto de seus irmãos na arquibancada. O gesto virou característica de suas comemorações.
![]() |
Foto: Crno bela nostalgija |
Ascensão rápida de um astro
Criado nas categorias de base do Zemun, Dragan impressionava com a sua técnica e aos 17 anos era titular da equipe na segunda divisão iugoslava, no ano de 1980. Um semestre depois já estava no Partizan e precisou de dois anos para virar incontestável no clube.
Tinha excelente domínio, um ótimo controle de bola e um chute potente na perna direita. Em cinco anos alcançou a marca de 279 partidas e 174 gols, uma das cinco maiores da história do clube.
A estrela de Mance brilhou em 1984 na sua primeira e última participação em competições europeias. E diante do Queens Park Rangers, foi líder em uma virada incrível em Belgrado.
A estrela de Mance brilhou em 1984 na sua primeira e última participação em competições europeias. E diante do Queens Park Rangers, foi líder em uma virada incrível em Belgrado.
Virada inesquecível na Copa UEFA
Naqueles dias, os torcedores sérvios tiveram o gostinho de uma reviravolta no placar, com direito a uma obra de arte do seu maior jogador. Um 6 a 2 no Loftus Road teria enterrado as esperanças de qualquer time, não fosse o valente Partizan do outro lado.
Com 4 a 1 no placar, os ingleses se acomodavam em sua vantagem caseira, quando o goleiro Omerovic repôs a bola em jogo. Klincarski subiu de cabeça, Zivkovic inverteu e achou Mance. Em dois toques, o atacante conseguiu dominar com a esquerda e acertar o ângulo dos Hoops. Gol do Partizan, gol de Dragan Mance.
Em Belgrado, a coisa mudou de figura. E tendo de reverter o agregado, o alvinegro conseguiu golear por 4 a 0, seguindo no torneio. Aquele dia ficará para sempre na memória dos que presenciaram um dos últimos capítulos da vida do goleador. Dragan fez um gol e abriu o caminho para a virada: Kalicanin, Jesic e Zivkovic.
Nas oitavas de final, só não poderiam esperar um Videoton endiabrado que conseguiu 5 a 0 em casa. O retorno no estádio Partizan não serviu para impedir o avanço dos húngaros, que ainda tiraram o Manchester United e o Zeljeznicar até chegar na final e perder para o Real Madrid.
Um último adeus encenado
Meses após a épica goleada em cima do QPR, a torcida do Partizan levou um duro golpe na confiança. E de uma forma trágica. Em 3 de setembro de 1985, já com a temporada em andamento, Dragan sofreu um acidente automobilístico.
Completaria 23 anos no dia 26 daquele mês, mas perdeu a vida na estrada para Novi Sad. Uma mulher invadiu a pista e ele foi obrigado a desviar bruscamente a rota, se chocando com um poste e morrendo na hora da colisão.
Era o fim da linha para um dos mais talentosos jogadores que passaram pelo alvinegro de Belgrado, sem nem mesmo ter a chance de fechar seu quinto ano na equipe. Mance se foi jovem, com apenas 22 anos e uma longa história a ser contada. É um típico caso de brilho intenso apagado pelo acaso, num desses lances tristes que a vida insiste em fazer acontecer.
Hoje Dragan é lembrado como uma lenda pelos seus torcedores, sobretudo por ter sido tão intensamente um deles quando vestia a camisa da equipe sérvia. Sua morte o colocou eternamente entre outros gigantes do Partizan. E sua despedida, apesar de repentina, foi com um gol diante do Budocnost, dois dias antes pelo campeonato iugoslavo.
A vitória de 2 a 1 foi um dos passos para o título alvinegro, que chegou a ser contestada num escândalo de manipulação de resultados. Se recusando a jogar novamente os confrontos anulados pela Federação iugoslava, o Partizan foi destronado como campeão nacional. Muita controvérsia se deu até que em 1987 a decisão foi revogada e tudo voltou ao normal.
Normalidade que agora seria entrar em campo sem o camisa 9.
Nas oitavas de final, só não poderiam esperar um Videoton endiabrado que conseguiu 5 a 0 em casa. O retorno no estádio Partizan não serviu para impedir o avanço dos húngaros, que ainda tiraram o Manchester United e o Zeljeznicar até chegar na final e perder para o Real Madrid.
![]() |
Foto: Crno bela nostalgija |
Meses após a épica goleada em cima do QPR, a torcida do Partizan levou um duro golpe na confiança. E de uma forma trágica. Em 3 de setembro de 1985, já com a temporada em andamento, Dragan sofreu um acidente automobilístico.
Completaria 23 anos no dia 26 daquele mês, mas perdeu a vida na estrada para Novi Sad. Uma mulher invadiu a pista e ele foi obrigado a desviar bruscamente a rota, se chocando com um poste e morrendo na hora da colisão.
Era o fim da linha para um dos mais talentosos jogadores que passaram pelo alvinegro de Belgrado, sem nem mesmo ter a chance de fechar seu quinto ano na equipe. Mance se foi jovem, com apenas 22 anos e uma longa história a ser contada. É um típico caso de brilho intenso apagado pelo acaso, num desses lances tristes que a vida insiste em fazer acontecer.
Hoje Dragan é lembrado como uma lenda pelos seus torcedores, sobretudo por ter sido tão intensamente um deles quando vestia a camisa da equipe sérvia. Sua morte o colocou eternamente entre outros gigantes do Partizan. E sua despedida, apesar de repentina, foi com um gol diante do Budocnost, dois dias antes pelo campeonato iugoslavo.
A vitória de 2 a 1 foi um dos passos para o título alvinegro, que chegou a ser contestada num escândalo de manipulação de resultados. Se recusando a jogar novamente os confrontos anulados pela Federação iugoslava, o Partizan foi destronado como campeão nacional. Muita controvérsia se deu até que em 1987 a decisão foi revogada e tudo voltou ao normal.
Normalidade que agora seria entrar em campo sem o camisa 9.
Felipe Portes é estudante de jornalismo, tem 23 anos e é redator na Trivela, além de ser o dono e criador da Total Football. Work-a-holic, come, bebe e respira futebol.
"O futebol na minha vida é questão de fantasia, de imaginário. Fosse uma ciência exata, seria apenas praticado por robôs. Nunca fui bom em cálculos e fórmulas, o lado humano me fascina muito mais do que o favoritismo e as vitórias consideradas certas. Surpresas são mais saborosas do que hegemonias."
No twitter, @portesovic.
Nenhum comentário:
Postar um comentário