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Foto: Alineaciones internacional |
De San Pablo-SP
Responsável direto pela evolução do futebol colombiano e primeiro campeão continental do país, o Atlético Nacional deixou seu nome na história da maior competição sul-americana no ano de 1989, ao levantar o caneco em vitória suada sobre o Olimpia. O feito só foi igualado em 2004, pelo Once Caldas, que de acordo com alguns, é o pior vencedor da Copa Libertadores.
Vice-campeão do Apertura de 1988, Los Verdolagas acompanharam o Millonarios na edição de 1989 do torneio continental. Quando as equipes ainda eram concentradas em duas nações por chave, a Colômbia teve como par o Equador no agrupamento 3, representado por Deportivo Quito e Emelec. Com certa dificuldade, o Nacional somou sete pontos, depois de frustrar a torcida com três empates consecutivos no primeiro turno, todos em 1-1, fora de casa.
Importante observar que o perfil do Atlético era um rascunho daquilo que se tornaria a seleção de Carlos Valderrama, Freddy Rincón, Faustino Asprilla e Mauricio Serna, entre outros. Um futebol de força defensiva e muita técnica do meio campo e ataque. O aperfeiçoamento desse estilo tomou forma no início da década de 1990, com o seu auge em 1993, quando os cafeteros impuseram um 5-0 na Argentina de Maradona, nas Eliminatórias da Copa de 1994.
A inconstância inicial do plantel alviverde, que era comandado por Francisco Maturana, lendário treinador, revelou ao futebol nomes como René Higuita, Andrés Escobar (R.I.P), Luis Herrera, Luis Carlos Perea, Leonel Álvarez, Victor Marulanda, Albeiro Usuriaga, John Tréllez e o folclórico Victor Hugo Aristizábal (saudades, volta). Tido como elenco sólido para a disputa internacional, os Verdolagas só encontraram sua primeira vitória na quinta jornada, contra o Deportivo Quito, por dois tentos a um, em Medellín.
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Maturana: o Sidney Poitier cafetero (Foto: Blog Chico Maia) |
O primeiro adversário na fase de mata mata era o Racing, que venceu a disputa com o Boca para liderar a chave 4. La Academia trazia figurinhas carimbadas como o goleiraço Ubaldo Fillol, José Luis Brown, Néstor Fabbri, Jorge Borelli, Hugo Pérez, Julio Olarticoechea e o possante uruguaio Rúben Paz. O pessoal de Avellaneda proporcionou um bom desafio, apesar da derrota por 2-0 em Medellín.
Com o poder de decidir a situação no Cilindro, os argentinos dominaram o adversário e passaram perto de reverter a derrota na primeira perna. Fazendo prevalecer a pressão de sua torcida, o mandante fez 2-1, o que não foi suficiente para continuar no caminho do título. O sufoco fez crescer a bronca de Maturana, que aos poucos ia tendo noção de como poderia transformar a ansiedade em gols, em resultado.
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Os jogos na Libertadores de 89 fizeram virar clássico o embate entre Nacional e Millonarios Foto: Every futbol |
Executando apenas o básico, os alviverdes fizeram sua lição de casa e com 1-0, levando a vantagem para Bogotá na revanche. Equilibrado, acirrado e sem chances para falhas individuais e coletivas, chegavam carregados de tensão os 90 minutos finais entre os oponentes. No El Campín, altas doses de emoção estavam reservadas, quando um empate em 1-1 teimou em persistir até o apito final, encerrando uma batalha de nervos e de ambições. Reparando o problema da primeira fase, o Nacional esfriou a cabeça e saiu com o resultado necessário para chegar nas semis.
Tudo estava pronto para El Verde y blanco tentar bater o Danubio, que chegava forte após derrubar o Nacional de Montevidéu e o Cobreloa. Os uruguaios representavam a terceira força local, mas impulsionados por boas apresentações, faziam com que não houvesse favorito nas meias finais. Um ensosso empate sem gols em terras charruas deu a sensação de que desta vez Maturana e seus pupilos teriam de tirar o coelho da cartola.
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Foto: Sul 21 |
Estava marcado para o dia 24 de maio de 1989, em Asunción, o primeiro capítulo da finalíssima envolvendo Olimpia e Nacional. O Defensores del Chaco estava dominado pelas cores alvinegras e os presentes testemunharam a uma vitória do mandante por 2-0, num jogo duro em que o craque Raúl Amarilla infernizou a retaguarda verdolaga. Agora a missão era ainda mais difícil.
Bogotá recebeu de braços abertos os atletas do Nacional, que mais do que nunca precisavam do empurrão vindo das arquibancadas. Todo o domínio dos paraguaios no compromisso anterior virou de lado. Com autoridade, a festa no El Campín foi se desenhando e os gols saíram com naturalidade. Igualando o agregado com dois tentos, os colombianos forçaram a disputa por pênaltis.
Escobar caminhou para a bola e marcou. Ever Almeida desperdiçou a primeira cobrança pelo Olimpia. O drama se arrastou por nove cobranças (García, Pérez, Gómez e Perea perderam para os alviverdes, González, Guash, Balbuena e Sanabria por La O). Restava a Leonel Álvarez, o Bell Marques colombiano conferir o seu e dar o tão sonhado e comemorado título ao Nacional.
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Foto: Futbol red.com |
Jogos:
Fase de grupos
Millonarios 1-1 Atlético Nacional
Emelec 1-1 Atlético Nacional
Deportivo Quito 1-1 Atlético Nacional
Atlético Nacional 0-2 Millonarios
Atlético Nacional 2-1 Deportivo Quito
Atlético Nacional 3-1 Emelec
Oitavas de final
Atlético Nacional 2-0 Racing
Racing 2-1 Atlético Nacional
Quartas de final
Atlético Nacional 1-0 Millonarios
Millonarios 1-1 Atlético Nacional
Semifinal
Danubio 0-0 Atlético Nacional
Atlético Nacional 6-0 Danubio
Final - 24 de maio de 1989, Asunción - Defensores del Chaco
Olimpia 2-0 Atlético Nacional
31 de maio, Bogotá - El Campín
Atlético Nacional 2-0 Olimpia (5-4 nos pênaltis)
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