quarta-feira, 10 de julho de 2013

Uma aposta furada de Beckenbauer

Foto: DFB
Vladmir Kasalo, mais conhecido como Vlado Kasalo, nunca foi um zagueiro brilhante, mas chamou a atenção de Franz Beckenbauer e foi parar no Nuremberg, onde colecionou gols contra e levantou muitas suspeitas

Tendo nascido em território croata quando ainda este era parte da Iugoslávia, Vladmir Kasalo começou a despontar para o mundo do futebol jogando na Croácia pelo NK Ojisek, clube em que Davor Suker deu seus primeiros passos, e, estreou no time profissional aos 21 anos em 1983. Vlado já era conhecido como um líbero não brilhante, mas com qualidade, principalmente no que se diz a apoiar o ataque. Diante disso, o Dínamo Zagreb, um dos mais importantes times da Croácia, o contratou no ano de 1987.

Em Zagreb, Kasalo colecionou algumas boas atuações e ainda marcou seus gols (8 ao todo) ao longo de suas duas temporadas junto a equipe. O bom desempenho o levou a ser convocado para a seleção iugoslava e chamado a atenção de ninguém mais, ninguém menos do que Franz Beckenbauer que recomendou sua contratação ao Nuremberg que pagou cerca, do que seria hoje, meio milhão de euros para contar com o jogador, um legítimo líbero, como definiu o Kaiser.

O início desanimador e conjunto da obra totalmente decepcionante
Vlado chegou ao futebol alemão no ano de 1989 como um jogador de grande destaque e que, muito provavelmente, consolidaria uma sólida carreira por lá, porém a primeira temporada do defensor junto ao clube bávaro foi completamente desanimadora visto que, atrapalhado por lesões, participou de pouquíssimos jogos e demorou muito a engrenar.

Aos poucos, o croata foi voltando ao gramados, demonstrando ser um jogador, acima de qualquer coisa, competente e disciplinado, o que o levou a afastar parte da desconfiança e assumir a vaga de titular. Eis que veio um confronto contra o Stuttgart em que o Nuremberg, que fazia uma campanha modesta e ocupava o meio de tabela, o 0 a 0 já vinha se desdenhado, mas deu a louca em Kasalo e o beque chutou a bola contra seu próprio gol determinando a derrota de seu clube.

O gol contra não ganhou tanta relevância, foi considerado apenas um golpe de azar, mas, no jogo em seguida a ocorrido, um novo gol contra veio a ser marcado em confronto contra o Karlsruher e suspeitas foram levantadas, ainda mais que Vlado sempre foi frequentador assíduo de cassinos e casas de apostas, com isso, provavelmente, seria dono de uma grande dívida de jogo e precisava quitá-la de alguma forma.

Diante desse panorama, a Federação Alemã decidiu, mesmo sem nunca ter conseguido provas concretas de que os dois gols contras foram forçados pelo próprio atleta, suspendê-lo preventivamente e o Nuremberg rescindiu seu contrato. Em meio a isso, o inferno astral do jogador apenas aumentou com sua prisão na Alemanha por estar dirigindo sem licença de motorista.

Foto: FSV05
O fim de carreira 
Após a polêmica passagem pelo Nuremberg, Kasalo retornou para Croácia, mas para atuar em outros campos, o de batalha. O até então jogador de futebol defendeu sua nação na guerra contra a Sérvia, constituindo, como ele mesmo disse, o pior momento de sua vida, mas ainda havia tempo para voltar ao futebol alemão.

Em 1992, o Mainz, até então na segunda divisão, decidiu apostar no iugoslavo que teve uma passagem muito menos polêmica e, inclusive, marcou gols, só que dessa vez, do lado certo.

Com 34 anos, no ano de 1994, Vlado Kasalo deixou o futebol, retornou para seu país natal, contudo, não deixou as polêmicas de lado e foi detido pela polícia várias vezes seja pela posse ilegal de armas ou de drogas ilícitas.

Por que é desafortunado
Vlado Kasalo não passou de um jogador de nível regular, Beckenbauer o supervalorizou e o levou para Nuremberg, passagem esta que o faz merecer tal alcunha devido aos gols contras que, pior do que simples golpes de azar, eram resultado das suas derrotas nas mesas de carteado.


Felipe Ferreira tem 15 anos e é estudante. Escreve para vários blogs como Bundesliga Brasil e Premier League BR, além de ser dono do Schalke BR, site especializado em cobertura da equipe alemã.

"É difícil falar o que eu mais gosto do futebol. Não é uma só coisa, são vários fatores. A forma como a qual a torcida vibra nas arquibancadas, a dinâmica do jogo, toda aquela história de que o jogador pode ir de herói a vilão em questão de minutos. Sem contar a enorme emoção e todas as surpresas que o saudoso esporte bretão sempre nos reserva."

No twitter, @felipepf13.

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