Por Felipe Lobo
Ser escolhido para capitanear um time da Copa Trifon Ivanov é
mais do que uma alegria. É uma honra. E fiz questão que o nome do time tivesse
a minha assinatura. Não éramos os melhores, mas éramos um time que gostava de
lutar. Vestimos a raça uruguaia, em uma homenagem à tradição Carbonera.
Representamos a Penha, a zona leste. O meu bairro, a minha região. Uma
brincadeira que todos compraram a ideia.
Meu time tinha algumas figuras que eu já conhecia. Luiz
Raatz, o nosso camisa 10 e artilheiro. Diego Salmen, o mini-Lugano, com quem
formei a defesa na maior parte do tempo. Wenceslau, nosso Stevie Wonder com
óculos escuros no ataque. Tive a chance de conhecer pessoalmente o nosso goleiro,
Thiago Rocha, um colega de profissão que já acompanhava há algum tempo e
mostrou seu talento embaixo das traves. Teve também o carioca Rodrigo Salomão, o
Romário sem o futebol.
Tínhamos Leandro Iamin, um zagueiro firme, que foi mal
escalado pelo capitão no ataque (desculpa aí, Iamin), e que só pode nos
reforçar no terceiro jogo. Ah, se ele tivesse chegado um pouco antes... E não
podia faltar Tiago Marconi, que parece um daqueles pontas antigos do futebol,
rápidos e dedicados, e foi um dos poucos a dar mobilidade ao time. Eu mesmo tive
pouca chance de atacar, já que o nosso time acabou desequilibrado entre ataque
e defesa. Não pode soltar a minha mundialmente conhecida (RISOS) PATADA.
No primeiro jogo, sob o calor e o sol terrível, fomos
superiores ao Ipirankt Pauli na primeira metade do jogo e podíamos ter feito
dois ou três gols com tranquilidade. Não fizemos. Abrimos o placar, mas tomamos
um empate que fez o time se perder. Quase tomamos o segundo em um pênalti que
eu vi de perto e pra mim não aconteceu – e que como diz a mística, quando não
é, não entra. Assim foi.
O segundo jogo teve mais um elemento dramático. Vencíamos
por 1 a 0, com o meu único gol no campeonato – um dos dois chutes que tive a
chance de dar nas pouquíssimas vezes que pude subir ao ataque. No final, uma
bola que pareceu ter saído, mortinha, foi colocada em vida. Gol do Deportes
Imigrantes. Mais um empate. Tínhamos que ganhar o último jogo.
O problema é que
era o time do Bonsanti, o Zidane da Vila Mariana, e Flávio, o Domingos da Guia dos
pampas. Sem falar no Lellis, que só foi artilheiro pelos três gols que fez
contra a gente. Não deu. Tomamos uma sapecada por 5 a 0. Perder faz parte, mas
a derrota demora alguns chutes na bola e na garrafinha de água para ser
digerida. Depois, veio a derrota para o Bexiga Saint-Germain na Série B, de
virada, quando tínhamos total chance de passar. Perdemos. Mas só em campo.
Pudemos nos encontrar em um dia de sol, com muitos sorrisos,
e por um dia esquecemos aqueles muitos problemas que nos caçam no dia a dia,
pedindo uma solução imediata e urgente. Naquele sábado, nada disso importava.
Éramos só um bando de malucos por futebol, sem tanta habilidade assim, mas cheios
de alegria. O churrasco, a cerveja, o futebol, os amigos. No fim, o que mais
importa? Abracei muitas pessoas que só tinha a chance de falar por replies ou
por comentários em posts do Facebook. Pude estar com pessoas que gosto e rir o
dia todo. Naquele dia, nenhum problema conseguiu me encontrar naquelas quadras
de futebol society da Pompéia.
Há quem goste de dizer que o futebol são só uns caras
correndo atrás da bola. Essas pessoas nunca entenderão o que significa o
futebol. Nunca saberão que é um esporte e vai muito além daquela frase feita,
“o importante é competir”. A Copa Trifon Ivanov se tornou um exemplo do que ele
é capaz de fazer. Uma reunião de malucos, apaixonados, conhecidos,
desconhecidos, arrobas, perfis, amigos. Nós somos todos Trifon. E esse é um
privilégio que só posso descrever com uma palavra: obrigado. Mas não sem
antes... VAI PENHAROL! AQUI É ZONA LESTE, PORRA!
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