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Foto: Deportespaña |
De La Peña foi um dos principais jovens promovidos das canteras do Barcelona na década de 1990, mas ofuscado pela chegada de Louis Van Gaal ao comando blaugrana, perdeu espaço e anos depois se contentou em brilhar no Espanyol
O Barcelona já revelou incríveis talentos para o futebol ao longo de sua história. Base da seleção espanhola, o clube catalão vivia uma fase de importação de estrelas em 1995 quando lançou ao elenco profissional um certo garoto chamado Iván.
Nascido em Santander, o menino havia chegado ao Barça em 1991, para fazer parte da equipe B. Ainda com alguns cabelos na cabeça, ele desfilava grande classe, visão de jogo e habilidade. Ganhou espaço nas canteras em pouco tempo e trilhava um grande futuro.
A filosofia de dedicação, posse de bola e inteligência com ela nos pés parecia fácil de assimilar por De La Peña. Tão logo incorporou os ensinamentos de La Masia, foi chamando a atenção de Johan Cruyff, treinador do time principal, quatro anos depois de sua chegada ao Camp Nou. Estreando bem contra o Valladolid, o carequinha deixou o seu ao entrar durante a segunda etapa. Em sua temporada de debut, marcou sete vezes e se tornou um bom valor nos planos de Cruyff, na teoria.
Nascido em Santander, o menino havia chegado ao Barça em 1991, para fazer parte da equipe B. Ainda com alguns cabelos na cabeça, ele desfilava grande classe, visão de jogo e habilidade. Ganhou espaço nas canteras em pouco tempo e trilhava um grande futuro.
A filosofia de dedicação, posse de bola e inteligência com ela nos pés parecia fácil de assimilar por De La Peña. Tão logo incorporou os ensinamentos de La Masia, foi chamando a atenção de Johan Cruyff, treinador do time principal, quatro anos depois de sua chegada ao Camp Nou. Estreando bem contra o Valladolid, o carequinha deixou o seu ao entrar durante a segunda etapa. Em sua temporada de debut, marcou sete vezes e se tornou um bom valor nos planos de Cruyff, na teoria.
Na prática, o treinador preferia nomes como Guardiola, Amor, Hagi e Bakero entre os onze iniciais. Sem muitas chances, Iván foi ficando esquecido no banco de reservas. Aos 19 anos, ele precisava de mais espaço para chegar a um bom nível. As referências eram muitas e os jornais espanhóis diziam que ele seria o sucessor de Guardiola como volante do Barça num futuro não muito distante.
O panorama mudou com a integração de Bobby Robson ao comando da equipe. O inglês manteve a base do elenco, mas permitiu a De La Peña ser mais presente e assim contribuir mais para o sucesso do Barcelona na temporada 1996/97. As vitórias na Taça das Taças UEFA, Copa do Rei e Supercopa UEFA fizeram do meia o melhor jogador jovem nesses dois anos, de acordo com votação do El País.
Retornando à vida de reserva com Louis Van Gaal, o carequinha resolveu por mudar de ares e evitou desgaste. Predecessor da era de Puyol, Xavi e Iniesta, Iván tentaria o sucesso na Lazio, em 1998/99. Na Itália, não se adaptou e foi ofuscado pela forte competição no setor. Na luta para vencer Simeone, Almeyda e Stankovic pela posição, ficou de lado e quase não atuou. Foi aí que O Pequeno Buda teve uma epifania e foi jogar no Marseille.
Quase alcançando o status de flop internacional, naufragou na França em 1999/00 e pediu para ser emprestado ao Barcelona, visto que ainda era vinculado à Lazio. Desta vez não conseguiu reaver seu prestígio e falhou em conquistar uma vaga constante na temporada de 2000/01. Nem mesmo a presença de Carlos Rexach (responsável pelo desenvolvimento da base blaugrana) no comando técnico ajudou Iván, que já se encontrava sem muitas perspectivas. Tornou a vestir a camisa celeste da Lazio antes de encerrar de vez as expectativas de se consagrar em terras italianas.
Liberado para o Espanyol em 2001/02, o panorama seria outro completamente diferente. De La Peña chegava como o chefe do meio campo, já aos 25 anos. Seria sua última chance de provar algo a todos que lhe criticaram. Como uma ave de rapina, dominou a meia cancha dos Periquitos, marcando presença em quase 80% dos compromissos da agremiação no ano que sucedeu sua chegada.
Rei das assistências, das cobranças de falta e dos passes milimétricos, Iván finalmente encontrou seu lugar, muito perto de onde foi criado como futebolista. Parecia irônico que tivesse de esperar tanto tempo para se sentir seguro e especialmente virar peça intocável na formação inicial. Foram nove anos de clube, e por mais que o Espanyol não seja (e sempre estivesse longe disso) longe de ser uma potência no futebol local, deixou seu legado como um dos principais atletas que passaram pelo Cornella-Èl Prat.
Nesse intervalo que representou seu ressurgimento no cenário, colaborou e muito para duas temporadas memoráveis para a torcida dos Blanquiblaus. Em 2005/06, venceram a Copa do Rei, último título do Espanyol. A vitória sobre a outra surpresa do torneio, o Zaragoza, por 4 a 1, consagrou uma geração dourada no time catalão.
Querendo mais do que reconhecimento nacional, nova arrancada (desta vez na Europa) culminou no vice-campeonato da Copa UEFA em 2006-07, em derrota para o Sevilla, nos penais. Organizador de uma equipe repleta de velhas glórias como Francisco Rufete e Walter Pandiani, além das promessas Dani Jarque, Jônatas e Albert Riera, o carequinha era o armador e franco atirador do esquema armado por Ernesto Valverde.
Já chegando perto da casa dos 30 anos, Iván se deparou com novo dilema: as lesões. Forçado a diminuir a carga de jogos por ano e muitas vezes ser barrado por condições físicas abaixo do normal, De La Peña chegava em sua reta final sem muita moral com os treinadores Tintín Márquez e Mané, de 2008 a 2009. Não bastou nem a promoção de Mauricio Pocchettino (seu antigo colega de time) como treinador para que ele mudasse de ideia a respeito de sua aposentadoria.
O carisma foi ofuscado pela tristeza de não mais poder praticar futebol e assim foi chegando ao final de sua trajetória. Em 2011, Iván pendurou as chuteiras tendo jogado apenas 37 minutos na temporada 2010/11. Somando cinco partidas pela Fúria em 2005, certamente findou sua passagem como profissional de forma honrosa.
Um verdadeiro guerreiro que não cansou da missão de se tornar um dos grandes. Dentro de um universo de promessas e perdição, Iván De La Peña prosperou em dois rivais na Espanha. Só isso já basta para que ele seja reconhecido como um dos nomes mais interessantes -embora menos lembrado- no futebol mundial na década de 2000.
Felipe Portes é estudante de jornalismo, tem 22 anos e é redator no Trivela, além de ser o dono e criador da Total Football. Work-a-holic, come, bebe e respira futebol.
"O futebol na minha vida é questão de fantasia, de imaginário. Fosse uma ciência exata, seria apenas praticado por robôs. Nunca fui bom em cálculos e fórmulas, o lado humano me fascina muito mais do que o favoritismo e as vitórias consideradas certas. Surpresas são mais saborosas do que hegemonias."
No twitter, @portesovic.
Um comentário:
Quando eu comecei a torcer para o Real, o Espanyol era o time catalão que eu mais tinha medo. Principalmente por causa desse careca (a ruindade do Barça de Riquelme e Kluivert facilitava as coisas), que sempre crescia no Cornella, me fazendo até a achar que o Casillas era pequeno demais toda vez que tentava um gol de cobertura. Sdds.
Aliás, o texto valeria só pelo título.
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